Aqui compartilho textos poéticos, textos diversos, reflexões (famosos ou amadores), fotos, pensamentos fragmentados (meus - sem revisão), e outras preciosidades! Prezo pela ética e procuro o autor do texto ( e imagem). Caso encontre algum texto sem autoria ou com a mesma equivocada, avise-me por favor, pois recebi desse modo e não consegui descobrir o autor(a), bem como, autoria enganosa. Um abraço, Paz e Luz!
27 de novembro de 2025
31 de outubro de 2025
Gratidão - Ana Jácomo
Quando lembro o quanto algumas pessoas me ajudam
com o seu olhar amoroso, ao longo da estrada, sinto um ventinho bom percorrer
meu coração e arrepiar a vida toda de contentamento. Um ventinho quente,
parecido com o que toca a minha pele quando caminho na beira da praia nas
manhãs azuis que ainda se espreguiçam. A pele é o lado de fora do sentimento.
Quando lembro de cada nova muda de afeto que
recebo e vejo florescer devagarinho no meu jardim, a lembrança afasta as nuvens
momentâneas e deixa o céu à mostra. Faz um sorriso sereno acontecer em mim.
Acende uma música que a gente só consegue ouvir quando a palavra descansa.
Quando lembro que crescer é, no íntimo, um
exercício solitário, mas que não estamos sozinhos na sala de aula, saboreio o
conforto dessa recordação. Somos mestres e aprendizes uns dos outros, o tempo
todo. Estudamos, lado a lado, inúmeras lições, mas também criamos espaço para
celebrar os mágicos momentos de recreio. Às vezes, com alguma leveza, até
descobrimos juntos um segredo libertador: o aprendizado e o recreio não
precisam acontecer separados.
Quando lembro o quanto as nossas vidas se
entrelaçam amorosamente com outras vidas nessa tapeçaria de fios sutis dos
encontros humanos, a gratidão emerge e se espalha, em ondas de ternura, por
toda a orla do peito. Diante de tantas incertezas, essa verdade perene: o amor
compartilhado é o sábio curador.
Quando lembro, eu agradeço. E respiro macio.
Ana Jácomo
21 de outubro de 2025
14 de outubro de 2025
10 de outubro de 2025
Uma Arte ( de perder ) Elizabeth Bishop

Uma Arte
Elizabeth Bishop
A arte de perder não é difícil de dominar;
tantas coisas parecem preenchidas com a intenção
de serem perdidas que sua perda não é um desastre.
Perca algo todos os dias. Aceite a agitação
das chaves perdidas, a hora mal gasta.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Então pratique perder mais longe, perder mais rápido:
lugares, nomes e para onde você deveria
viajar. Nada disso trará desastre.
Perdi o relógio da minha mãe. E veja! Minha última, ou
penúltima, das três casas que eu amava se foi.
A arte de perder não é difícil de dominar.
Perdi duas cidades, adoráveis. E, mais vastas,
alguns reinos que eu possuía, dois rios, um continente.
Sinto falta deles, mas não foi um desastre.
- Mesmo perdendo você (a voz brincalhona, um gesto
que eu adoro) Eu não terei mentido. É evidente que
a arte de perder não é muito difícil de dominar,
embora possa parecer (Escreva!) um desastre.




