10 de outubro de 2025

Uma Arte ( de perder ) Elizabeth Bishop

 


Uma Arte

Elizabeth Bishop

A arte de perder não é difícil de dominar;
tantas coisas parecem preenchidas com a intenção
de serem perdidas que sua perda não é um desastre.

Perca algo todos os dias. Aceite a agitação
das chaves perdidas, a hora mal gasta.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Então pratique perder mais longe, perder mais rápido:
lugares, nomes e para onde você deveria
viajar. Nada disso trará desastre.

Perdi o relógio da minha mãe. E veja! Minha última, ou
penúltima, das três casas que eu amava se foi.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Perdi duas cidades, adoráveis. E, mais vastas,
alguns reinos que eu possuía, dois rios, um continente.
Sinto falta deles, mas não foi um desastre.

- Mesmo perdendo você (a voz brincalhona, um gesto
que eu adoro) Eu não terei mentido. É evidente que
a arte de perder não é muito difícil de dominar,
embora possa parecer (Escreva!) um desastre.

 




O Tempo passa...

 



30 de setembro de 2025

Enquanto dói, parece que não passa....





 Enquanto dói, parece que não passa, toda dor é comprida pra quem sente. Parece que o deserto não termina. Que o dia não dorme. Que o tempo não escoa. Que o inverno não vira flor.

Enquanto dói, parece que a tristeza não seca. Que a borboleta não vem. Que o mal não desmancha. Que a onda não amansa. Que a alegria não amanhece.
Enquanto dói, parece que o sinal do recreio não toca mais. Que a fé é pequena. Que o susto não dissolve. Que o medo é pra sempre.
Enquanto dói, parece que a frequência não muda. Que o ponteiro não move. Que o vento não para. Que a angústia não cala. Que é eternidade.
Parece, mas passa.
Passa.

Ana Jácomo

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